Partes do DBS – Marcapasso Cerebral

Hoje nós vamos falar de um tema bastante interessante, eu vou mostrar para vocês as partes que compõem um kit de estimulação cerebral profunda. Pode ser utilizado para cirurgia do Parkinson, ou para cirurgia de Distonia por exemplo ou mesmo para cirurgia de Tremor Essencial.

Então vou mostrar para vocês aqui como funciona e para que serve cada um desses itens. Vamos lá

Esse é o primeiro item importante do kit de cirurgia de estimulação cerebral, que é um gerador. Aqui nós temos uma sequência de geradores pela história, do mais antigo para o mais novo. Vamos separar aqui mais novo. Nós temos no Brasil hoje três marcas homologadas, cada uma com sua especificidade, cada uma com a sua característica. E aqui nós temos um modelo de demonstração apenas de modo educativo, ok?

A gente consegue notar aqui primeiro, o tamanho dele, é um gerador bastante, bastante compacto. Se a gente utilizar uma régua para medir nós vamos perceber que ele tem aproximadamente 5 cm por 5 cm.

Esse gerador, ele vai ficar na parte do tórax próximo à região da clavícula e embaixo da pele. O paciente sente dor não depois da cirurgia? Não. Depois da cirurgia o paciente vai sentir uma protuberância na pele e até cicatrizar, o gerador, o paciente vai sentir um pouquinho. Depois o paciente acaba se acostumando.

Lembrando que isso é um padrão no mundo inteiro. De modo geral, nós sempre tentamos colocar o gerador do lado direito e isso é uma curiosidade principalmente por conta do cinto de segurança. Então a gente tenta não deixar o gerador na região da clavícula onde passa o cinto de segurança. Outra curiosidade, é que esse é o mesmo gerador também utilizado com suas adaptações de plug, utilizado para marcapassos cardíacos.

Então o que que tem aqui dentro que nós chamamos de gerador? Aqui nós temos a bateria que pode ser uma bateria recarregável ou uma bateria não recarregável.

Qual é a vantagem da bateria recarregável? Ela tem uma duração maior entre vinte e vinte e cinco anos.

Qual é a vantagem da não recarregável? Obviamente, o paciente não vai precisar recarregar toda semana.

O próximo item importante para o kit, é o cabo. Esse cabo, por que que ele é grande assim? Porque ele tem que ser conectado no gerador e passar por debaixo da pele, passando até o pescoço por trás da orelha, então você não vai sentir isso depois, só vai sentir um pequeno cordãozinho.  

O cabo vai até muito próximo do eletrodo, que a parte mais importante Quais são as questões que envolvem o cabo? Você pode notar que o cabo é bastante resistente e ele é bastante flexível e tem uma tecnologia interessante, porque todas as configurações que nós fazemos no gerador, quem transmite é o cabo. 

Então por vezes a gente nota que o paciente ele também tem que aprender a cuidar do cabo. Por exemplo, ele não pode fazer algum tipo de trauma na região cervical porque se nós tivermos uma fratura do cabo, uma lesão do cabo, o funcionamento do DBS vai estar comprometido. De modo abrupto o paciente passa a não ter mais efeitos da cirurgia. Outra questão importante do cabo, ele tem uma série de pontos como vocês podem notar aqui. 

E por último pessoal, nós temos a parte mais importante, que dá bastante trabalho pra gente que é um eletrodo. Ele é uma peça muito, muito frágil. Obviamente, aqui nós temos um material de demonstração. E qual é o ponto mais interessante? O eletrodo vai estar inserido em alguma estrutura específica do cérebro, a depender da doença. Na doença de Parkinson, nós temos os alvos específicos. No Tremor Essencial outros alvos. 

Se a gente observar o tamanho do eletrodo vocês vão notar que é bastante delicado, então nós temos uma tecnologia enorme dentro de cerca de dois ou três milímetros. Aqui nós temos, se vocês conseguirem observar diversos níveis cada um desses pontos, são pontos de contato onde a programação consegue gerar um campo elétrico específico.

Então qual é o objetivo dessa ponta? É estar em um local para gerar um efeito elétrico. Na doença de Parkinson, por exemplo, nós tentamos colocar a ponta desse eletrodo num núcleo específico para tentar resolver e diminuir o tremor como sintoma, a rigidez ou a lentidão. No caso do Tremor Essencial nós temos um outro alvo, outro lugar no cérebro, onde nós estamos buscando a melhora do tremor. Por assim, vai. 

O que é importante desse eletrodo? Que ele é a parte mais delicada da cirurgia é onde basicamente nós passamos a maior parte do tempo buscando a melhor localização do eletrodo.

Então para resumir, nós temos as três partes mais importantes aqui na mesa: nós temos o gerador que é conectado através do cabo e esse cabo através de um plug, que nós não temos aqui, nós conectamos o eletrodo. Lembrando que essa cirurgia na maior parte das vezes é feita de modo bilateral, então na verdade o paciente terá dois eletrodos, um de cada um dos lados.

Combinado pessoal? Até a próxima.

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Dr. Lauro Sideratos

Acredito que condições neurológicas crônicas são complexas e rodeadas de mitos e dúvidas, e por isso devem ser tratadas de modo incremental.

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