O Pequeno Manual do Saudável Jovem Esquecido – Capítulo 1

Vamos continuar o nosso projeto de falar sobre memória.

Tenho notado que muitos jovens tem vindo no consultório procurando informações sobre queixas de memória.

Então vamos continuar esse projeto em 8 pautas fundamentais que vou destacar agora. As informações vão estar organizadas no documento que vamos chamar de “O pequeno manual do saudável jovem esquecido”. Acredito que vai fazer muito sentido para todos vocês.

A primeira pauta que vamos conversar é sobre tempo de tela. O tempo que passamos no telefone e o quanto isso pode atrapalhar a nossa atenção.

Infelizmente é uma questão muito complexa, porque todo mundo trabalha pelo celular, mas precisamos ter um pouco mais de parcimônia pelo uso do telefone principalmente pelo uso contínuo que vai fragmentando nosso dia.

Então vamos conversar sobre isso e levantar alguns dados para vocês. Isso é bem claro para todos, que o tempo de tela tem aumentado cada vez mais nos últimos anos, principalmente com a evolução dos telefones celulares.

Esse estudo que vou indicar para vocês, mostra que no ano de 2018 até 2020, também pegaram um pedacinho da pandemia, foi observado que um americano, o estudo foi feito em americanos, usa uma média de 28 podendo chegar até 32 horas por semana de tela.

E nesse estudo já é bem conectada a questão de aumento de ansiedade, redução da atenção e dificuldades em Saúde Mental, relacionado a hiperconectividade.

Precisamos nos conectar. É fundamental para o ser humano conversar com outras pessoas, entretanto, um modo como isso tem estabelecido o uso quase que contínuo, fragmentado, essa hipervigilância, tem reduzido bastante a capacidade de manter-se concentrado.

Acesse o estudo em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33925317/
doi: 10.3390/ijerph18094613

Wagner BE, Folk AL, Hahn SL, Barr-Anderson DJ, Larson N, Neumark-Sztainer D. Recreational Screen Time Behaviors during the COVID-19 Pandemic in the U.S.: A Mixed-Methods Study among a Diverse Population-Based Sample of Emerging Adults. Int J Environ Res Public Health. 2021 Apr 27;18(9):4613. doi: 10.3390/ijerph18094613. PMID: 33925317; PMCID: PMC8123581.

Um ponto muito complexo nessa história é porque o uso do telefone celular, nele contém diversas agendas, então além de se comunicar com pessoas respondemos e-mails, checamos redes sociais, utilizamos “streaming”, procuramos notícias.

Acaba sendo utilizado para forma de entretenimento, jogos, então diversas coisas do nosso dia a dia são utilizadas de modo quase simultâneo no telefone celular. Isso aumenta o tempo de tela com uma percepção muito baixa do usuário.

Quais são os problemas fundamentais de você focar muito tempo da sua atenção no celular?

A principal questão é como a sua atenção se comporta perante o uso, porque a atenção é uma capacidade cognitiva esgotável, ou seja, é impossível ficar atento o tempo todo e isso é cada vez mais requisitado nas rotinas do dia a dia.

Noto em consultas que principalmente jovens entre 20, 30, 40 até 50 anos acabam buscando modos de manter a atenção continua. Durante a história, durante a consulta, percebo que o uso do telefone de modo não tão saudável acaba sendo um ponto fundamental para trabalharmos.

Então deixei essa pergunta “Quanto tempo por dia você usa o celular?” Não para julgar, mas para pensar quanto tempo será que estamos usando por semana o telefone?

Vou colocar algumas dicas possíveis e também tratar desse assunto sob outra ótica.

Tive oportunidade de visitar o Museu do Amanhã, recentemente, e tinha uma sessão gigantesca sobre a história do telefone celular, 50 anos de telefone e tudo que isso transformou, desde o início até os problemas atuais.

Então vou passar alguns vídeos para vocês (assista no início do artigo, espero que gostem).

Lembrando que é permitido filmar lá dentro, para poder compartilhar o conteúdo. E retrata como em pouco tempo, acabamos tendo um super aparelho na mão. Só que começamos a colecionar rotinas dentro dele.

Quero saber de vocês: quais são as principais rotinas que vocês têm no dia a dia e quais são os desafios de utilização do telefone celular no dia a dia de modo saudável?

Um desafio quedestaco, que acaba trazendo sintomas de ansiedade, é o chamado “Fear of missing out”, que em inglês é a sigla “F.O.M.O”. Que é aquele desespero de não saber o que está acontecendo, desespero por ficar de fora.

Isso é um dos comportamentos que o nosso cérebro acaba assumindo. É como se fosse um vício de fato. No qual você fica morrendo de medo de ter perdido a última mensagem no grupo de whatsapp, de não ter curtido uma publicação específica, de ter perdido alguma coisa fundamental.

Não tem remédio para isso. Acabamos tratando alguns sintomas como ansiedade, entretanto, existe esse efeito comportamental, que é o primeiro a ser tratado.

Vou conversar um pouco mais hoje, e também durante a semana, sobre essa pauta.

Se vocês tiverem alguma dúvida, fiquem à vontade.

Vamos conversar sobre isso.

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Dr. Lauro Sideratos

Acredito que condições neurológicas crônicas são complexas e rodeadas de mitos e dúvidas, e por isso devem ser tratadas de modo incremental.

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